terça-feira, 12 de maio de 2009

longe demais

Manhã chuvosa de terça-feira, o ping-ping das gotinhas no vidro da janela, são seis da manha o dia mal começou e já se escuta o grunido do Rex na porta da cozinha pedindo pelo café da manhã.
Levanto bem devagar, esfrego os olhos, bocejo.
Ouço uma voz doce, assim que ligo a tv, é a moça do telejornal, previsão do tempo.
" O dia vai permanecer chuvoso, com previsão de sol no fim da tarde" ,torço pra assistir o sol se pôr, hoje.
Escovo os dentes, tomo banho, ponho o vestido amarelo com flores negras na estampa, é aquele que ganhei de aniversário da Mirella, noite boa. O Rex late alto, agora que me lembro, esqueci de comprar a ração ontem quando passei no supermercado, e foi porque eu vi ele. Droga, hoje tenho hora na terapia e será que vai ser outra sessão falando dele? Não pode. Chega.
Descongelo um pedaço de bife rapidão no microondas,o telefone toca... engano. Saio correndo já perdi a hora, de novo.
Meio-dia self-service almoço corrido pra dar tempo pegar a roupa na lavanderia, comprar a ração e olhar pro sorriso dele, fico vermelha e a comida entala, não posso lembrar, dói tanto a falta da companhia pro almoço corrido, da conversa sobre as trivialidades e sobre como o ataque do Flamengo anda bom esse ano.
O celular toca, esperança percorre a espinha respiro fundo, atendo.
" Ah, oi Mirella... sim eu falei.. aprovou . combinado, amanha a noite, beijo.". Desligo.
Fim de tarde o sol aparece, paro no parque, tem uns casais passeando. me sento no banco em frente ao salgueiro centenário, espero.
Espero.
Espero.
Espero.
O sol já vai longe no horizonte, a brisa fria da noite sussurra ao pé do ouvido. Olho em volta, procuro. Choro baixinho, suspiro, aperto o broche que ele me deu, deixo o broche cair ali perto do salgueiro, rio meio encabulada, me despeço e o vestido estampado vai sumindo em meio ao véu negro da noite.
O broche foi resgatado por um sujeito do sorriso encantador e por ele foi pedido uma recompensa muito alta. Valor: uma amor além da vida.

thádia E.