terça-feira, 24 de junho de 2008

O prego e a porta

A porta grossa
Pesada porta
Bato, ouço o sopapo oco
prego, porta, sentimento
trinco que abre o compartimento.
A chave debaixo do tapete
escorrega pra fora do ramalhete
a cartão branco com poesia,
um trecho de música... Fantasia.
O sorriso mudo que nunca vou ver
Escondido, pra crê,
que um dia achado será
caso alguém se proponha a procurar,
terá de bater na porta
grossa porta pesada
e o prego adornado
é pra machucar
a mão de quem ousa clamar
pelo nome chamado Silêncio...



thádia eulálio

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Sonho parece verdade, quando a gente esquece de acordar."

Era uma vez um palhaço meio bobo, usava uma maquiagem meio sombria, uma máscara branca onde eram desenhadas suas expressões, o brilho dos olhos era fosco, o sorriso surgia em meio à lágrima pintada que escoria do olho direito, o figurino, ah o figurino... Esse era o mais encantador, as vestes de algodão com retalhos de seda puída, muita cor, muitos paetês e tudo isso pra esconder a solidão se ser só... Era meio estranho ver aquele palhaço que me fazia rir, ele não desacreditava na sinceridade do meu sorriso, e assim parecia encenar uma peça que não havia roteiro preciso e as falas eram improvisadas, tudo muito mágico, tudo fantasia.
Mistério, enigma, aquele palhaço me intrigava a alma e algo me dizia que aquele não seria a primeira vez que nos encontraríamos. Certa vez passando os olhos pela vitrine eu vi de relance o mesmo sorriso de outrora, era ele parado ali por detrás de mim como uma sombra, sentia a respiração, o pulsar do meu coração acelerava, fechei os olhos pra eternizar, e quando dei por mim ele não estava mais lá. Onde estaria aquele palhaço que brincava comigo em sonho?
Memória foi isso que aquele palhaço se tornou para mim, uma doce memória... até uma belo dia de outono caminhando por entre as folhas caídas, um estalar de galhos secos se dá por entre as sombras que revelavam-se com o pôr-do-sol, o assobio do vento, um batuque nos troncos ocos das árvores.
“Quem está aí?” Indago sem receber resposta. Ele sorri, como quem nada sente, como quem debocha do meu medo involuntário, era ele o palhaço, agora não mais com o mesmo olhar doce, ele gosta do truque que faz, a pupila dilata rapidamente as pernas tremem um sopapo, um grito, e tudo agora é breu...
“Ela reagiu, ela está acordando” É o que consigo entender dos muitos ruídos que chegam aos meus ouvidos, uma dor no meu braço esquerdo sinto como se estivesse destroçado, quando me viro pra olhar ele está intacto, a pancada ainda sangra, a sala é branca, ainda há muita neblina em meus olhos, mas entre aqueles de vestes brancas lá está o palhaço escondido, escondido por entre os meus delírios, a salvo no labirinto que se tornou o meu pensamento.
[ pra quem não entendeu xD
* eLa é louca
* a sala branca é o manicômio
* pessoas de vestes brancas médicos e enfermeiros
* dor no braço= medicação aplicada
* o palhaço é uma delirum]

thádia eulálio