São 17:15 e uma tarde de Agosto, o sol já começa a dourar seus raios naquele velho ritual de encerramento do dia. Os devaneios incrédulos do meu pensamento projectam-se no jardim da frente, vejo o tal sorriso escondido entre os galhos da mangueira, ali a rolar na grama os suspiros deleitam-se entre si e os passos do senhor grisalho à direita ditam o ritmo.
Duas moças cochicham e trocam sorrisos com os olhares cheios de esperança e os corações transbordantes de amor, o viço da vida se faz presente.
O clima esfria ligeiramente, e as formigas se apoderam de um resto de maçã que outrora fora deixado ali por algum individuo distraído. A hora passa devagar, e nada de pressa neste fim de tardo no jardim do condomínio.
E nada mais falta, a cena se completa, as moças se despedem, acho que alguém veio buscar uma delas, pois o estrondo de uma buzina se repete incessantemente, o senhor grisalho puxa do bolso uma velha gaita e meio sem graça olha pra mim como se pedisse permissão para toca-la e eu como fã de música, dou aquele velho sorriso ansioso e espero.
Durante uma segundo ou dois lembro de você, bom senhor toca uma velha música, não conheço tal melodia mas percebo que é algo nostálgico e apaixonado. De repente o celular toca. E quem poderia ser a esta hora? E pra minha surpresa é apenas a secretária do dentista cancelando a consulta.
Thádia Eulálio